Blogue da Biblioteca Escolar da Escola Básica Ferreira de Castro - Sintra

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06 novembro, 2023

Coisas de Portugal dos anos 60/70 do século XX - Exposição (9ºA3 )

A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro continua na sua missão de diversificar os recursos destinados a uma aprendizagem diferenciada e a promover um acesso à informação, alternativo ao digital. Queremos desenvolver várias formas de leitura. Ler objetos, descodificando função, material, configuração, concepção, elaboração, e descobrir uma época, uma realidade e as vivências associadas, são objetivos da exposição patente nesta biblioteca escolar, Coisas de Portugal dos anos 60/70 do século XX..

Para as equipas de 9º ano integramos a exploração desta exposição na parte do currículo de História que versa sobre o Estado Novo em Portugal. Desvendar a realidade económica e social de Portugal dos anos 60/70 do século XX, é conhecer o país anterior à Revolução de 25 de Abril de 1974.


A propósito da panela de ferro de três pés, onde se fazia o caldo no meio rural, falamos da pobreza em Portugal nas década de 60 e 70 do século XX e como em 1973 a pobreza continuava a ser uma realidade dura para muitos portugueses.

O caldo era feito com hortaliças, sobretudo couves galegas, relativamente fáceis de cultivar, resistentes e abundantes. A base podia ser a batata mas quando esta faltava substituía-se por farinha (se houvesse), por castanha ou por feijão, dependendo das zonas e do que se produzia. Por vezes cozia-se alguma carne de porco neste caldo.


Ø   Estes alunos do 9ºA3 ficaram a saber que no campo, a alimentação era manifestamente exígua, em termos proteicos. As galinhas eram um luxo para a maior parte dos camponeses. A sua carne só era consumida pelas parturientes e comia-se sobretudo carne de porco, conservada em sal ou em banha, mas em pouquíssima quantidade, atendendo a que a carne de um porco tinha de alimentar uma família, por vezes bastante numerosa, durante um ano, como nos diz  Maria Alice Samara Raquel Pereira Henriques em  Breves retratos de Portugal no tempo de Salazar.


Sobre a  loiça de esmalte explicamos como o aço esmaltado veio substituir as panelas de ferro, mas só para quem tinha fogão, a lenha ou a gás.

Pegando na malga de faiança, referimos que para além do caldo , a alimentação pobre, na maioria do meio rural, incluía por vezes também as sopas de cavalo cansado servidas nestas tigelas. O que estes alunos também não sabiam é que no interior, (Minho, Trás-os-Montes e Beiras Interiores) e em dias de trabalhos agrícolas em período de inverno, serviam-se estas sopas de vinho. Havia pouca variedade de alimentos para a maior parte da população e uma mistura de pão com vinho pela manhã ajudava a dar força para começar o dia no campo.



Olhando para a mesa posta na exposição, fazemos reparar que apesar da disposição que os objetos apresentam, pratos e copos individuais não eram frequentes no meio rural, e dos talheres, os garfos eram os menos abundantes. 


Exibimos também o  frasco de vidro com tampa em baquelite que nas merceeiras urbanas portuguesas dos anos 60/70, enchiam-se de rebuçados de funcho ou de coco, caramelos, pastilhas elásticas e amendoim. Em casa serviam para guardar alimentos na cozinha. São uma marca visual urbana das décadas de 60 e 70 do século XX.


Entre outros objetos também explorados com esta exposição, terminamos com o Tabuleiro TV produzido em Portugal pelas fábricas de plástico de Leiria, nos anos 70. Modelo importado dos EUA, este produto não teve muito sucesso porque muitas pessoas ainda não tinham televisão em casa e porque ninguém comia no sofá.




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