A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro continua na sua missão de diversificar os recursos destinados a uma aprendizagem diferenciada e a promover um acesso à informação, alternativo ao digital. Queremos desenvolver várias formas de leitura. Ler objetos, descodificando função, material, configuração, concepção, elaboração, e descobrir uma época, uma realidade e as vivências associadas, são objetivos da exposição patente nesta biblioteca escolar, Coisas de Portugal dos anos 60/70 do século XX..
A propósito da panela de ferro de três pés, onde se fazia o caldo no meio
rural, falamos da pobreza em Portugal nas década de 60 e 70 do século XX e como
em 1973 a pobreza continuava a ser uma realidade dura para muitos portugueses.
O caldo era feito com hortaliças, sobretudo couves galegas, relativamente
fáceis de cultivar, resistentes e abundantes. A base podia ser a batata mas
quando esta faltava substituía-se por farinha (se houvesse), por castanha ou
por feijão, dependendo das zonas e do que se produzia. Por vezes cozia-se
alguma carne de porco neste caldo.
Ø Estes alunos do 9ºA3 ficaram a saber que no campo, a alimentação era manifestamente exígua, em termos proteicos. As galinhas eram um luxo para a maior parte dos camponeses. A sua carne só era consumida pelas parturientes e comia-se sobretudo carne de porco, conservada em sal ou em banha, mas em pouquíssima quantidade, atendendo a que a carne de um porco tinha de alimentar uma família, por vezes bastante numerosa, durante um ano, como nos diz Maria Alice Samara Raquel Pereira Henriques em Breves retratos de Portugal no tempo de Salazar.
Sobre a loiça de esmalte explicamos como o aço esmaltado veio substituir as panelas de ferro, mas só para quem tinha fogão, a lenha ou a gás.
Pegando na malga de faiança, referimos que
para além do caldo , a alimentação pobre, na maioria do meio rural, incluía por
vezes também as sopas de cavalo cansado servidas nestas tigelas. O que estes
alunos também não sabiam é que no interior, (Minho, Trás-os-Montes e Beiras
Interiores) e em dias de trabalhos agrícolas em período de inverno, serviam-se
estas sopas de vinho. Havia pouca variedade de alimentos para a maior parte
da população e uma mistura de pão com vinho pela manhã ajudava a dar força para
começar o dia no campo.
Olhando para a mesa posta na exposição, fazemos reparar que apesar da disposição que os objetos apresentam, pratos e copos individuais não eram frequentes no meio rural, e dos talheres, os garfos eram os menos abundantes.
Exibimos também o frasco de vidro com tampa em
baquelite que nas
merceeiras urbanas portuguesas dos anos 60/70, enchiam-se de rebuçados de
funcho ou de coco, caramelos, pastilhas elásticas e amendoim. Em casa serviam
para guardar alimentos na cozinha. São uma marca visual urbana das décadas de 60 e 70
do século XX.
Entre outros objetos também explorados com esta exposição, terminamos com o
Tabuleiro TV produzido em Portugal pelas fábricas de plástico de Leiria, nos anos 70. Modelo
importado dos EUA, este produto não teve muito sucesso porque muitas
pessoas ainda não tinham televisão em casa e porque ninguém comia no sofá.
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