Blogue da Biblioteca Escolar da Escola Básica Ferreira de Castro - Sintra

Aqui partilhamos tudo o que acontece na nossa Biblioteca.

Páginas

24 abril, 2022

CONTOS TRADICIONAIS ILUSTRADOS ( O PEIXINHO ENCANTADO )


    A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro continua a promover a ilustração como forma de interpretação da leitura e manifestação da expressão plástica. No projeto Lendas Lidas e Ilustradas Inês Rita do 8ºA1, foi a jovem que ilustrou mais um conto tradicional do Algarve que Teófilo Braga registou na sua obra Contos Tradicionais do Povo Português – volume 1. Deixamos aqui a ilustração e a respetiva história.

O PEIXINHO ENCANTADO  

    Era uma pobre mulher, que tinha um único filho, e demais parvo, e não queria
trabalhar. Coitadinha, não lhe servia senão para comer. Um dia que ia para o
mato buscar lenha viu um rapazinho da vizinhança, ela pediu-lhe para que levasse
consigo o tolinho, e lhe ensinasse a fazer um peixinho. Quando chegaram ao
monte, o rapaz foi cortar dois molhos de lenha, e o parvo pôs-se a brincar ao pé
de uma ribeira. Ali esteve sem pensar em nada, a ver os peixinhos na água; eis
senão quando salta um peixinho mesmo às abas do parvo, que lhe botou logo as
unhas. O peixinho assim que se viu nas mãos do parvo, disse-lhe
— Não me mates, que em paga, quando quiseres alguma coisa, basta dizeres:
«Peço a Deus e ao meu peixinho que me dê tal e tal, que tudo há de sair como
pedires.»
    O parvo, assustado, deixou o peixinho cair-lhe da mão, e logo desapareceu na
ribeira. O outro rapaz bem chamava por ele para vir erguer o seu molho; ele foi,
e quando viu que o molho era pesado disse:
— Peço a Deus e ao meu peixinho que me ponha a cavalo neste feixe de lenha.
Saltou para cima do molho, que o levou a galope pelo mato fora e por toda a
cidade até chegar a casa da mãe. O rei estava à janela do palácio, e ficou
admirado; chamou a filha:
— Vem ver o parvo a cavalo num feixe de lenha.
    A princesa desatou a rir, quando o viu; mas o parvo disse baixinho:
— Peço a Deus e ao meu peixinho, que a princesa tenha um menino meu.
    Tempo depois começou a princesa a padecer; todos os médicos foram de
opinião, que a princesa andava ocupada. O rei ficou desesperado e pedindo por
todos os santos à filha que lhe dissesse quem tinha sido o causador de uma tal
vergonha. A princesa jurava por tudo que não sabia explicar aquilo; o rei
mandou botar um pregão, de que quem viesse confessar que era pai do menino
casaria com a princesa.
    Depois de tempo, veio o parvo ao palácio para falar ao rei:
— Venho dizer a Vossa Real Majestade que eu é que sou o pai do menino da
princesa.
    O rei ficou espantado, a princesa não compreendia o que estava ouvindo. O
parvo contou então o acontecido. O rei para se confirmar, disse-lhe:
— Pois pede ao teu peixinho que te faça aparecer agora aqui muito dinheiro.
O dinheiro caiu-lhe de todos os lados.
— Pede agora ao teu peixinho que te faça um moço muito perfeito e esperto.
    O parvo ficou desde logo mais formoso que todos os príncipes; casou com a filha do rei, e pela sua grande esperteza ficou governando.
(Algarve)

Título: Contos Tradicionais do Povo Português – volume 1
Autor: Teófilo Braga
Edição: Agrupamento de Escolas de Rio de Mouro
Coleção: Clássicos da literatura portuguesa
Adaptação, paginação e projeto gráfico: Carlos Pinheiro
1.ª edição: outubro de 2013
ISBN: 978-989-8671-16-5
Edição segundo as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de
1990.




Sem comentários:

Enviar um comentário