Mais um dia de abril a caminho de 25. A Revolução Portuguesa de 25 de abril de 1974 significou para Portugal a conquista da democracia. Fica aqui mais uma publicação sobre o que foi viver no Estado Novo e uma das conquistas desta revolução: a liberdade de expressão.
Durante mais de 40 anos, nada seria publicado em Portugal sem que passasse primeiro pela censura. O conhecido "lápiz azul", tantas vezes usado noutras cores, abateu-se sobre milhares de livros, sobre a imprensa e sobre qualquer manifestação cultural.
Mais de duas décadas depois do 25 de Abril, Mário Zambujal fala-nos, em estúdio, daquilo que foi o fim da censura.
Chefe de redacção de O Século à altura, recorda os primeiros dias de liberdade de expressão, quando fazer edições contínuas com tudo o que durante tanto tempo tinha sido silenciado era a única forma de celebrar devidamente essa possibilidade ansiada, sem cuidar de ir a casa, tomar banho ou dormir.
Aceitando como óbvio o facto de haver censura num regime ditatorial, Mário Zambujal alude ironicamente à sujeição prática do jornalismo de então aos moldes que lhe foram impostos. “Era tudo à mão e a pé”, diz, e terá sido por isso, defende, que a maior e mais relevante parte dos jornais se instalava no Bairro Alto, de onde era mais fácil chegar às instalações oficiais onde o lápis azul actuava, fazendo posteriormente sair as provas, já censuradas, para publicação.
Este texto e uma pequena reportagem podem ser visionados em:
Ainda podes visitar a Galeria Virtual da Censura do Museu Nacional da Imprensa onde podemos ler por Luís Humberto Marcos, Director do Museu Nacional da Imprensa, a seguinte apresentação:
Esta GALERIA VIRTUAL DA CENSURA começa com uma delimitação temporal precisa:o período da ditadura que vigorou em Portugal entre 1926 e 1974.
Os restantes tempos de censura da história portuguesa – e foram muitos desde a Inquisição - não são contemplados nesta primeira fase da GALERIA. Começando pela censura instaurada menos de um mês após o golpe militar de 28 de Maio de 1926, e que se foi apurando com a mestria do ditador Salazar, estaremos a falar de um dos processos censórios mais bem urdidos da história repressiva da humanidade.
Engenhosamente, diversos mecanismos estavam articulados de forma a “proteger” a ideologia do regime, de maneira aparentemente invisível e estimulando a autocensura.
Tratou-se de uma máquina censória que durou cerca de 48 anos e que se inculcou nos interstícios da sociedade portuguesa. Grande parte das provas desapareceu, mas o que ficou é suficiente para dar a noção da monstruosidade praticada. Na GALERIA podem ser apreciadas muitas provas censuradas, a par da legislação e de uma cronologia com os principais factos. Os cibernautas poderão ainda ter acesso a testemunhos, a protestos em favor da abolição da censura e à imprensa clandestina que de 1926 a 1974 se produziu, numa resistência continuada.
O fim da Censura, com o 25 de Abril de 1974, abriu o maior período de liberdade de expressão da história portuguesa.
Porque se sabe existirem muitas provas e histórias esquecidas, faz-se apelo a contributos e comentários que tornem a história da censura mais documentada.
Boa Visita!
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