No passado dia 22 de maio a Biblioteca Escolar
Ferreira de Castro teve o prazer de proporcionar à comunidade educativa, a
conferência proferida pela Doutora Ana Cristina Carvalho sobre a Natureza e Paisagem Humanizada na escrita de
Ferreira de Castro. Nada mais a propósito desta Biblioteca Escolar e do agrupamento
a que pertence, que uma excelente apresentação sobre Ferreira de Castro numa perspectiva inovadora.
Tivemos como apresentador da oradora e seu trabalho, a
grata presença do diretor do Museu Ferreira de Castro em Sintra, o Dr. Ricardo
Alves, que para além de grande especialista da obra de Ferreira de Castro, é um
entusiasta da relação do museu com os alunos e professores das nossas escolas.
Foi uma conferência de grande valor para as dezenas de
professores presentes que puderam
perceber como a obra de Ferreira de Castro para além de integração curricular
ao nível da literatura, pode ser explorado ao nível curricular pela Biologia, Geografia,
História, entre outras disciplinas.
Terra Nativa –
Ana Cristina Carvalho
RESUMO
Esta investigação visou contribuir para o estudo da
permeabilidade entre Ciência e Arte, explorando, nomeadamente, o diálogo
frutífero entre a Ecologia clássica, a Ecologia Humana e a Literatura
Portuguesa.
Recorreu-se a uma metodologia híbrida que integrou
métodos e fontes das Ciências do Ambiente, das Ciências Sociais e da Análise
Literária, cujos graus de objetividade variam entre si.
O objetivo geral foi analisar a representação
literária da Natureza e do vínculo de interdependência que o ser humano
estabelece com ela na obra de Ferreira de Castro, e determinar em que medida
essa representação irradiou da personalidade e da ideologia do escritor, assim
como da sua experiência de vida em diferentes ambientes geográficos.
Para tal, numa primeira fase construiu-se uma
“Ecobiografia” castriana, que averigua a sua conceção pessoal sobre a Natureza,
com base em 140 textos castrianos não ficcionais. Uma segunda fase dedicou-se à
ecocrítica de quatro textos de ficção com cenários em áreas rurais de Portugal
continental, escritos entre 1928 e 1947: Emigrantes (1928), “O Natal em Ossela”
(1933), Terra Fria (1934) e A Lã e a Neve (1947).
Defende-se que, num tempo anterior ao movimento
ecológico português, esses textos continham já um significativo teor
eco-humano. Apresentam, por isso, um grande potencial de difusão do ambiente
biofísico e das modalidades relacionais que o ser humano instituiu com a terra
numa época, revelando-se um valioso contributo para a História Ambiental do território
português.
Esta função extra-artística projeta-se nas gerações
leitoras do presente e do futuro e pode atuar em benefício da consciência
ambiental e de cidadania neste século XXI. Razão por que é devido à obra
castriana um novo lugar na Cultura portuguesa, mais além e mais amplo que a sua
aplaudida dimensão literária.
Ana Cristina L. M. de Carvalho é natural de Lisboa,
onde nasceu em 1961, e reside no concelho de Sintra.
É Engenheira do ambiente, licenciada pela Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Em 1986 ingressou nos serviços centrais do então
Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza (hoje Instituto
da Conservação da Natureza e Florestas), onde durante 12 anos trabalhou em
equipas multidisciplinares na área da informação e divulgação ambientais e na
temática geral das áreas protegidas.
Em 1997 transitou para o Parque Natural de
Sintra-Cascais, onde ficou até 2009, tendo aí coordenado vários grupos de
trabalho e o Setor de Informação e Educação Ambiental.
É Mestre em Ecologia Humana e Problemas Sociais
Contemporâneos pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa, com uma tese sobre a Vulnerabilidade Humana às Alterações
Climáticas.
Em 2015 doutorou-se em Ecologia Humana na mesma
universidade, apoiada por uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia,
com uma investigação sobre a simbiose entre Literatura e Ecologia,
concretamente na obra canónica ficcional de Ferreira de Castro.
Investigadora do CICSNova – Centro de Estudos
Interdisciplinares da Universidade Nova de Lisboa, desde 2009 que é professora
auxiliar convidada da cadeira de Sociologia do Desenvolvimento e
Sustentabilidade do Departamento de Sociologia.
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