Alguns professores da disciplina de físico química organizaram
para turmas de 7º ano uma visita de estudo no mês de março ao Museu da Farmácia
em Lisboa. A coordenadora da Biblioteca Escolar Teresa Duarte Costa e a
professora de físico química Isabel Oliveira visitaram antecipadamente o Museu
da Farmácia com o objetivo de preparar a visita de estudo e a intervenção da
biblioteca escolar na cooperação com a mesma. A Biblioteca Escolar na sua
função de apoio ao currículo elaborou sessões de introdução à história da
farmácia que apresentou a nove turmas de 7º ano e a uma de 9º ano, de 6 a 13 de
março.
As sessões de apresentação da história da farmácia aos
alunos na Biblioteca Escolar teve como um dos seus objetivos demonstrar que a
farmácia tem uma longa história e que
remonta à origem do homem, e que à semelhança dos animais o instinto conduziu o
homem primitivo a procurar e a distinguir plantas e substâncias de origem
animal e mineral, como remédio para combater a doença.
Relacionando estas sessões com as aprendizagens dos alunos
na disciplina de História, os alunos percecionaram como na pré-história a
doença e o seu tratamento pertenciam ao mundo
dos espíritos e os feiticeiros e curandeiros preparavam remédios e poções.
Deste modo os alunos foram sendo introduzidos ao Mundo Antigo
onde existia uma forte ligação entre a
medicina, a farmácia e a religião, em que recitações, cerimónias, rezas e
sacrifícios eram os meios religiosos vulgares para implorar aos deuses a cura.
Relacionando a
disciplina de história de 7º ano e os conteúdos sobre o Antigo Egito, os alunos
puderam perceber que as substâncias terapêuticas provinham do reino vegetal,
animal e mineral. Na sua preparação e administração estavam também enraizadas
as práticas religiosas e mágicas da época.
O PAPIRO
EBERS arrola
700 drogas que serviam para tudo,
desde mordedura de cobra até febre infantil.
No Antigo Egito os ingredientes, drogas, perfumes, unguentos,
pomadas, poções, cataplasmas, clisteres, supositórios, etc., são bem exóticos. Exemplo : água suja de lavagem de roupa para dores
da nuca e dos olhos ; excremento
de pelicano ou de crocodilo para a cura da catarata. ( NORMAN - "Medical History of
Contraception" )
Ainda na relação com o currículo da disciplina de História os alunos
puderam relacionar o que aprenderam sobre a Civilização Grega e a História da
Farmácia e constataram que a grande
conquista da medicina grega foi a sua procura de bases naturais para explicar a
doença, as suas causas e tratamento. A medicina e a farmácia, não eram baseadas na religião e na magia ou
superstição.
O maior guia
farmacêutico da antiguidade é o de Pedanius Dioscórides, que viveu no século I
da era cristã, e cujo tratado "De
Matéria medica" (50 – 70 A.D.) foi considerado, a maior autoridade em
medicamentos. A obra de Dioscórides
pode ser considerada como o início das ciências da farmacologia.
Galeno (131-200
d.C.) “Pai da Farmácia”, sistematizou pela primeira vez, as
matérias-primas necessárias à preparação dos medicamentos e a sua específica
preparação, como nunca tinha sido feito.
Nestas sessões na Biblioteca Escolar os alunos foram sendo
levados a perceber como surge a farmácia e a ciência farmacêutica introduzidos
na civilização romana onde na Roma Antiga
já existiam profissionais especializados como os "pharmacopoei",
fabricantes de remédios; os "pharmacotritae", ou "pharmacotribae", trituradores de
drogas; os "unguentarii",
ou os fabricantes de unguentos.
Os árabes trouxeram uma nova identidade à farmácia com uma literatura profissional incluindo os
formulários para uso dos farmacêuticos ou outros preparadores de medicamentos. Pela
primeira vez temos a farmácia ligada à alquimia o que fez surgir uma série de
instrumentos próprios da futura química.
A primeira farmácia surge
em Bagdade, entre 775-785, com um responsável farmacêutico
"-al-sayãdilah".
Estas sessões na Biblioteca Escolar juntaram o currículo de História
com o de Físico-química no decorrer da história da farmácia.
Passando pela Idade Média e o seu regresso às crenças religiosas e à medicina
popular, chegamos à promulgação em 1240,
por Frederico II, Rei da Sicília e imperador germânico, da famosa Magna
Carta da Farmácia, que separa a farmácia da medicina e legalmente
reconhece a profissão farmacêutica.
Do Renascimento os alunos conheceram Paracelsus (1493-1541),que defendeu que a doença era uma
manifestação natural, logo química e deste modo teria que ser tratada
quimicamente.
Navegando ainda pelo Renascimento os alunos conheceram o
contributo dos Descobrimentos para a farmácia moderna.
O farmacêutico do
século XVII tornou-se assim um químico (e também um botânico) e a
oficina farmacêutica transformou-se num laboratório
químico, onde os processos de destilação, evaporação, incineração,
sublimação eram postos em prática.
Passando pelos
fundamentos da química moderna lançados por Lavoisier, entrámos no século XIX e
nos avanços da industrialização do medicamento.
A matéria-prima
sintética do medicamento, os avanços na microbiologia, procedimentos assépticos, a terapêutica e a medicina preventiva com a introdução dos
soros e das vacinas, foram outros assuntos debatidos nestas sessões na Biblioteca
Escolar.
A era dos antibióticos, a descoberta da penicilina e da
estreptomicina, a medicina preventiva e o retorno ao uso de substâncias
naturais marcam o século XX.
Com estas sessões de preparação da visita de estudo ao Museu
da Farmácia, os alunos tomaram conhecimento da evolução do medicamento e
processos de cura que foram dos reinos vegetal, mineral e animal, até às
substâncias químicas altamente complexas, e que permitiu a demonstração de toda
a evolução do conhecimento humano na área da saúde e medicação.
O ppt exibido aos alunos feito pela Biblioteca Escolar
utilizou como principais recursos, os seguintes sites: