Blogue da Biblioteca Escolar da Escola Básica Ferreira de Castro - Sintra

Aqui partilhamos tudo o que acontece na nossa Biblioteca.

Páginas

07 fevereiro, 2021

Curiosidades sobre a História da Leitura

"Irmãs a ler um livro" (1826), de Armin Carl Hansen


O primeiro livrólico e outras curiosidades 
sobre a História da Leitura

Por: Beatriz Sertório a 2021-01-12 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa

Se para alguns o ato da leitura não é mais do que uma forma de distração e de passar o tempo, um verdadeiro livrólico sabe este que pode ser muito mais do que isso. Fonte de conhecimento, de prazer, de consolo ou até objeto de subversão, o livro tem sido um dos meios mais valiosos para compreender a civilização e o mundo ao longo dos tempos. Alberto Manguel, autor, editor, tradutor e, em tempos, leitor pessoal de Jorge Luis Borges - quando a visão do autor argentino deixou de lhe permitir dedicar-se à atividade que mais prazer lhe dava -, tem dedicado a sua vida aos livros: a lê-los, a escrevê-los e a escrever sobre eles - recorde-se que, em setembro de 2020, Manguel anunciou a doação da sua magnânima biblioteca (composta por cerca de 40 mil volumes) à cidade de Lisboa. 

Em Curiosidades sobre a História da Leitura livro originalmente publicado em 1996, que foi recentemente editado pela Tinta da China, traça a História da leitura, do livro e dos leitores, num relato apaixonado de alguém que, tendo devotado o seu amor aos livros, sabe que “não se lê apenas Crime e Castigo ou A Tree Grows in Brooklyn. Lê-se uma certa edição, um exemplar específico, reconhecível pelo grão do papel, rugoso ou suave, pelo seu odor, por um pedacinho rasgado na página 72 e uma mancha de café no canto direito da contracapa.”
 

"A morte de Sócrates" (1787), de Jacques-Louis David.

 
2. Aristóteles foi um dos primeiros livrólicos de que se tem conhecimento

Segundo Alberto Manguel, o filósofo grego aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, foi um dos primeiros leitores a reunir uma importante coleção de manuscritos para seu uso pessoal. Sendo mencionada no livro Geografia de Estrabão, um tratado de 17 livros que descreve povos e locais de todo o mundo, a biblioteca pessoal de Aristóteles é a primeira biblioteca privada da História da qual existe registo escrito. Sobre este, escreve o historiador e geógrafo grego que "foi o primeiro homem, de que há conhecimento, a colecionar livros e a ensinar os reis do Egito a organizar uma biblioteca." Depois da sua morte, Artistóteles deixou a sua biblioteca ao cuidado do seu sucessor, Teosfrato.
 
 

Busto de Aristóteles na biblioteca da Trinity College, em Dublin (Irlanda).


3. Ler em silêncio era considerado uma heresia

Uma vez que a literacia foi um privilégio reservado a uma elite durante milhares de anos, a leitura começou por ser uma atividade oral e coletiva. Desde a Roma Antiga até ao século XIX, as sessões de leituras públicas eram uma forma de entretenimento tão popular como os malabaristas ou os bobos na corte. Para além disso, esta era uma forma de continuar a preservar a transmissão de obras banidas pelas autoridades, das quais foram exemplo as obras de Jean-Jacques Rousseau.

Até a leitura em silêncio se tornar norma no mundo cristão, alguns dogmáticos suspeitavam desta nova tendência, considerando que um livro que pode ser lido em privado, “não é susceptível de clarificação imediata ou de leitura guiada, condenação ou censura por um ouvinte". Desde sempre, os leitores foram temidos pois, como acredita veemente Alberto Manguel, "ler é um ato de poder." 


Uma multidão compra bilhetes para uma sessão de leitura pública 
de Charles Dickens em Nova Iorque, em 1867.

Escreve Alberto Manguel que "na iconografia cristã, o livro ou o rolo de pergaminho pertenciam por tradição à divindade masculina, a Deus Pai ou ao Cristo Triunfante, o novo Adão, no qual a palavra de Deus encarnara". Por sua vez, "à mulher pertencia a Criança, afirmando assim o seu papel de mãe." Foi esta a mentalidade que reinou durante a maior parte da Idade Média, período durante o qual as mulheres recebiam apenas a educação julgada útil para o governo do lar, e que adquiriu diferentes ramificações ao longo dos tempos até, por fim, se tornar uma prática aceitável pela sociedade.

Tal como aconteceu com a maior parte dos grupos de leitores que foram marginalizados, a partir do momento em tiverem permissão para aprender a ler, as mulheres começaram a criar deliberadamente o seu próprio material de leitura. Foi, aliás, a partir de um fenómeno deste tipo, criado pelas mulheres da Corte japonesa, durante o século XI, que nasceu aquele que é considerado o primeiro romance do Mundo - A História de Genji -, cuja autoria é atribuída à fidalga Murasaki Shikibu.
 

"Fruto proibido" (1865), de Auguste Toulmouche.

5. Diderot foi um dos primeiros biblioterapeutas

Se acompanha as nossas bulas literárias, integradas na categoria Farmácia Literária deste blogue, sabe que existem diversos estudos científicos que demonstram que ler melhora a nossa saúde. Foi a partir dessa ideia que nasceu a biblioterapia, um tipo de terapia que defende que a cura passa pela leitura de livros. Embora o filósofo francês Denis Diderot, nascido em 1713, ainda não conhecesse este conceito, acreditava no poder terapêutico da leitura em voz alta. Conta Alberto Manguel que "em 1781, Diderot escreveu sobre a «cura» de sua mulher, Nanette, que dizia que nunca tocaria num livro a não ser que o seu conteúdo fosse espiritualmente edificante, submetendo-a ao longo de várias semanas a uma dieta de literatura ousada".

Relata Diderot: "Tornei-me o seu leitor. Administro-lhe três pitadas de Gil Blas todos os dias; uma de manhã, uma após o almoço e a outra ao serão. Quando acabarmos, avançaremos para O Diabo em Duas Varas, O Bacharel de Salamanca e outras obras animadoras da mesma natureza. Alguns anos e umas centenas destas leituras completarão a cura. Se eu tivesse a certeza de ser bem-sucedido, não me queixaria do trabalho. O que me diverte é que ela repete a quem nos visita o que acabei de lhe ler, de forma que a conversa duplica o efeito do remédio. Sempre considerei os romances como produtos frívolos, mas descobri finalmente que são bons para a hipocondria. Darei a fórmula ao Dr. Tronchin da próxima vez que o vir. Receita: oito a dez páginas do Roman comique, de Scarro; quatro capítulos de Dom Quixote; um parágrafo bem escolhido de Rabelais; deixar de infusão numa quantidade razoável de Jacques, o Fatalista ou de Manon Lescaut e variar estes fármacos como se variam as plantas medicinais, substituindo-os por outros com as mesmas propriedades, se necessário."


Pintura de Denis Diderot.

6. A utilização de estantes de livros (mesmo que falsas) como símbolo de estatuto já é uma tradição antiga

Não foi só a crescente realização de videochamadas que tornou popular a ideia de ter como cenário uma estante bem apetrechada de livros. Na Rússia do século XVIII, durante o reinado de Catarina, a Grande, um tal Sr. Klosterman fez fortuna com a venda de encadernações recheadas de papel velho, que permitiam aos cortesãos criar a ilusão de uma biblioteca e assim cair nas boas graças da sua imperatriz bibliófila. Ainda assim, partilhamos a convicção de Alberto Manguel de que nada substitui uma verdadeira biblioteca - esse espaço que era para o seu velho amigo, Borges, uma espécie de paraíso.

 
Cenário ilustrado com uma prateleira de livros, à venda na Amazon.
 
https://www.bertrand.pt/blogue-somos-livros/livrolicos/artigo/o-primeiro-livrolico-e-outras-curiosidades-sobre-a-historia-da-leitura/180605
 

06 fevereiro, 2021

REGRAS - AULAS ONLINE

Partilhamos aqui uma animação disponibilizada pela Biblioteca Escolar Agrupamento de Escolas Marvão, que pensamos sintetizar de uma forma divertida, as regras básicas das aulas online.

    PODE VER-SE A ANIMAÇÃO AQUI


05 fevereiro, 2021

Os superpoderes da Júlia

 
Audiolivro - Os superpoderes da Júlia
 
 
O aumento da incidência de cancro e da taxa de sobrevivência, faz com que, não raras vezes, os doentes oncológicos tenham no seu núcleo familiar crianças pequenas, em idade pré-escolar ou nos primeiros anos de escola.



Esta situação acarreta preocupações e cuidados acrescidos, difíceis de conciliar com as exigências de um tratamento muitas vezes longo, agressivo e com sequelas físicas e emocionais visíveis.
 
 

Os recursos e a informação disponível para ajudar os adultos (pais, avós...) a explicar o cancro às crianças são escassos, o que justifica a pertinência de criar uma ferramenta adaptada a crianças com mais de 3 anos, acessível, apelativa e facilitadora da comunicação entre o adulto e a criança.

“Os superpoderes da Júlia” é um audiolivro infantil da Liga Portuguesa Contra o Cancro, com o apoio da MSD (Merck Sharp & Dohme), que partilha a história de uma menina alegre, corajosa e cheia de vida e de um pai lutador que enfrentam o cancro com amor.

 

A personagem Júlia vai descobrir que o pai tem uma doença chamada cancro – vai ficar mais
cansado, terá de ir ao hospital fazer tratamentos e o seu cabelo vai acabar por cair. 
Com a ajuda da mãe, a Júlia vai também aprender que a doença não é contagiosa, que pode
continuar a brincar e ajudar o pai a sentir-se melhor com os seus superpoderes. ​
https://www.ligacontracancro.pt/ospoderesdajulia/
 

04 fevereiro, 2021

Etiqueta nas aulas online

 
Partilhamos aqui mais um vídeo, simples e direto, da TV Ensino com Professor Delfim,  desta vez sobre Etiqueta nas aulas online.
 



 

03 fevereiro, 2021

Meu Herói és Tu

Numa altura em que as nossas crianças têm de ficar em casa e todos os dias ouvem falar da covid-19, foi criado um livro para as ajudar a lidar com a situação e a perspetivarem-se como heroínas das suas próprias histórias. Um história encatadora, de motivação e resiliência que nos ajuda a lidar com a ansiedade e o medo, face ao que nos é desconhecido, tal como o COVID-19. 

Este livro foi um projeto desenvolvido pelo Grupo de Referência sobre Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Emergências Humanitárias do Comitê Permanente Interagências (IASC GR SMAPS) e para a sua criação foram tidos em conta testemunhos de 1.700 crianças, pais, mães, cuidadores e professores de todo o mundo, que partilharam as suas formas de lidar com a Pandemia.

Inês Carolina Ribeiro, responsável pela área Psicossocial da Cruz Vermelha Portuguesa juntou-se à equipa de tradução e revisão técnica dando contribuindo, assim, para o magnífico resultado desta obra.

“Meu Herói és Tu” deve ser lido pelo pai, mãe, cuidador ou professor às crianças. Não é recomendável que as crianças leiam este livro independentemente, sem o apoio de alguém que as ajude na fundamentação da história. É importante que as dúvidas lhes sejam esclarecidas no momento da leitura. O guia complementar chamado “Ações para Heróis” (a ser publicado posteriormente) oferece suporte para abordar tópicos relacionados ao COVID-19, ajudando as crianças a gerir sentimentos e emoções, além de atividades complementares mais lúdicas.
•Numa altura em que as nossas crianças têm de ficar em casa e todos os dias ouvem falar da covid-19, foi criado um livro para as ajudar a lidar com a situação e a perspetivarem-se como heroínas das suas próprias histórias. Um história encatadora, de motivação e resiliência que nos ajuda a lidar com a ansiedade e o medo, face ao que nos é desconhecido, tal como o COVID-19.
 

Inês Carolina Ribeiro, responsável pela área Psicossocial da Cruz Vermelha Portuguesa juntou-se à equipa de tradução e revisão técnica dando contribuindo, assim, para o magnífico resultado desta obra.

Meu Herói és Tu” deve ser lido pelo pai, mãe, cuidador ou professor às crianças. Não é recomendável que as crianças leiam este livro independentemente, sem o apoio de alguém que as ajude na fundamentação da história. É importante que as dúvidas lhes sejam esclarecidas no momento da leitura. O guia complementar chamado “Ações para Heróis” (a ser publicado posteriormente) oferece suporte para abordar tópicos relacionados ao COVID-19, ajudando as crianças a gerir sentimentos e emoções, além de atividades complementares mais lúdicas.

My_Hero_is_You_Storybook_for_Children_on_COVID-19_Portuguese.pdf.pdf (cruzvermelha.pt)

LER O LIVRO AQUI

Este livro foi um projeto desenvolvido pelo Grupo de Referência sobre Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Emergências Humanitárias do Comitê Permanente Interagências (IASC GR SMAPS). O projeto foi apoiado por especialistas de organizações globais, regionais e locais das agências integrantes do IASC GR SMAPS, além de pais, mães, cuidadores, professores e crianças em 104 países. Realizou-se uma investigação global em árabe, inglês, italiano, francês e espanhol para avaliar a saúde mental e as necessidades psicossociais das crianças durante o surto de COVID-19. Os resultados desta pesquisa foram utilizados para desenvolver uma estrutura de tópicos a serem abordados através da história contada neste livro. O livro foi compartilhado através da narração para crianças em vários países afetados pelo COVID-19. Assim, o feedback de crianças, pais, mães e cuidadores foi utilizado para rever e atualizar a história. Mais de 1.700 crianças, pais, mães, cuidadores e professores de todo o mundo compartilharam conosco como estavam a lidar com a pandemia do COVID-19. Agradecemos a essas crianças, seus pais e mães, cuidadores e professores por responderem nossas pesquisas e influenciarem esta história. Esta é uma história desenvolvida para e por crianças de todo o mundo. O IASC GR SMAPS agradece a Helen Patuck por escrever o roteiro da história e ilustrar este livro

©IASC, 2020. Esta publicação foi publicada sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercialShareAlike 3.0 IGO (CC BY-NC-SA 3.0 IGO; https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/igo).