A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro partilha mais uma
vez recomendações da Ordem dos Psicólogos para o regresso à escola
em tempo de pandemia. Desta vez trazemos aqui as recomendações para pais e
cuidadores do Dossier para a comunidade educativa.
Numa situação em que planeamos o imprevisível, a
prioridade deve ser responder às necessidades de aprendizagem social e
emocional das crianças e jovens, bem como às necessidades de Saúde Psicológica
e de Bem-estar de toda a comunidade educativa.
RECOMENDAÇÕES PARA PAIS E CUIDADORES
Reconheçam e identifiquem receios e sentimentos
de ansiedade em si próprios e nas crianças e jovens de quem cuidam, promovendo
formas saudáveis de lidar com eles, sem cair em exageros. Incentivem as
crianças e jovens a expressarem as suas emoções, disponibilizando-se para o
diálogo e validando o que sentem relativamente ao regresso à escola. Assegurem
à criança ou jovem que é natural ter sentimentos diversos (por exemplo,
entusiasmo, alívio, preocupação e zanga) nesta situação.
Conversem com a/o criança/jovem sobre aquilo que a/o
preocupa, mas também sobre aquilo que deseja no regresso à escola,
ajudando-a/o a antecipar os aspetos positivos (por exemplo, reencontrar os
colegas e professores).
Antes do dia de regresso à escola, conversem com a
criança/jovem enfatizando que a decisão de regressar à escola é baseada no conhecimento
científico e que todas as pessoas na escola farão os possíveis para manter
crianças e adultos seguros; que qualquer pessoa que esteja doente ficará em
casa; que as autoridades estão atentas e que quando, porventura, não for seguro
ir à escola, decidirão nesse sentido. Para além disso é importante reforçar as
boas práticas de higiene, os comportamentos pró-saúde e pró-sociais.
Preparem as crianças/jovens para as mudanças nos
processos e logísticas habituais da escola. Quando souberem como vão
funcionar as novas regras e logísticas da escola preparem a criança/jovem para
essas alterações – quanto melhor ela/ele as entender, mais confortável se
sentirá em relação a elas e ao seu cumprimento. No caso das crianças mais
novas, uma das alterações que pode gerar dificuldade diz respeito ao facto de
os pais/cuidadores não as poderem acompanhar dentro da escola. Prepare a
criança/jovem para as diferenças que existirão nos procedimentos de as levar e
ir buscar à escola, assegurando-a/o que existirão vários adultos que a/o acompanharão
e poderão ajudar, e que poderão cumprir determinados rituais de separação nos
espaços exteriores. Pergunte-lhe por algo que possa facilitar a situação (por
exemplo, ir para a escola com um amigo ou levar um autocolante que as faça
sentir corajosas).
Enfatizem o papel da criança/jovem em manter-se
saudável a si e aos outros, sublinhando que devem evitar
comportamentos como levar as mãos ao rosto e realizar frequentemente
comportamentos como lavar as mãos. Os pais e cuidadores devem focar-se nas
coisas que as crianças/jovens podem controlar (seguir as regras, adotar
práticas de higiene) em vez de nas coisas sobre as quais não têm controlo (por
exemplo, a probabilidade de um colega adoecer ou a escola ter de voltar a
encerrar).
Reestabeleçam, em casa, as rotinas relacionadas com a
escola, mantendo o que for possível manter (por exemplo, hora de
dormir em período letivo, fazer a mochila e preparar a roupa para o dia
seguinte).
Sintam e transmitam confiança na escola. É
preciso confiar que todas as medidas e acções possíveis estão a ser tomadas
para tornar as escolas espaços seguros e protetores para o regresso das
crianças e jovens. Se os pais e cuidadores transmitirem esta segurança, será
mais fácil para as crianças e jovens enfrentarem os receios que possam sentir.
Estejam preparados para lidar com alguma “ansiedade de
separação”. Em particular para as crianças mais novas e após um
período prolongado de contacto exclusivo com os pais e cuidadores principais,
pode ser especialmente stressante a vivência da separação dos pais/cuidadores
no regresso à escola. Esta é uma situação natural e que não deve gerar
preocupação excessiva. Os pais/cuidadores devem reconhecer e validar a
ansiedade que a criança sente face à situação; antecipar juntamente com a
criança como será regressar à escola (por exemplo, usem a imaginação e criem
cenários em conjunto – como vai ser, o que a criança vai querer fazer, o que a
vai deixar contente, o que a vai deixar triste, etc.); reforçar que a separação
será apenas temporária e que a X horas, estarão de regresso para a ir buscar.
Durante o período de adaptação, os pais/cuidadores devem procurar manter
rotinas que gerem segurança e tranquilidade à criança, sobretudo à hora de
adormecer.
No final do dia, depois da escola, conversem com a
criança/ jovem sobre como foi o dia na escola, incluindo o que gostaram, o
que as deixou preocupadas e o que gostariam de fazer no dia seguinte.
Procurem reservar algum tempo extra para estar com a
criança/jovem (a falar, a brincar, a jogar). Ao final do dia, as crianças
podem estar mais cansadas e precisarem de actividades calmas; os jovens podem
estar mais sonolentos.
Participem e cooperem ativamente no processo educativo
da criança/jovem, mantendo uma relação próxima e informada junto dos
professores e outras figuras de referência, conhecendo as medidas de suporte à
aprendizagem e apoiando a implementação dessas medidas.
Mantenham um canal de comunicação aberto com a escola,
informando como a criança/jovem se está a adaptar. Sempre que relevante,
partilhe com os professores as necessidades, recursos e barreiras que a
criança/jovem sente no processo educativo.
Contribuam para o equilíbrio entre as atividades
escolares e as atividades familiares, avaliando o tempo que a
criança/ jovem se dedica às atividades escolares face às exigências das mesmas,
e o tempo livre e de convívio familiar.
Estabeleçam expectativas e objetivos elevados, mas
realistas e razoáveis, acerca do desempenho académico da
criança/jovem. A melhor forma de o fazer é comunicar-lhe que acreditam no seu
potencial.
Mostrem-se disponíveis para ouvir a criança/jovem,
tentando compreender as suas facilidades e dificuldades no processo educativo,
as suas preocupações e medos, em virtude do período em que vivemos, em relação
ao seu percurso escolar.
Apoiem a realização de tarefas escolares, sempre que
necessário, procurando contribuir para a autonomia e auto-regulação
da criança/jovem no seu processo educativo.
Estejam atentos aos sinais de alerta e comportamentos
de risco que levam ao abandono escolar, particularmente neste
contexto de pandemia.
Recorram ao apoio especializado do Psicólogo escolar
na gestão do stresse e da ansiedade ou de outras dificuldades emocionais e
comportamentais, sempre que sentirem necessário.
Conversem sobre bullying e sobre cibersegurança.
O seu filho tem direito a um ambiente educativo seguro e protetor que respeite
a sua dignidade. A Convenção sobre os Direitos da Criança declara que todas as
crianças têm direito à educação e proteção contra todas as formas de violência.
Estamos todos empenhados num bom recomeço escolar em tempo de pandemia!