É FUNDAMENTAL QUE O REGRESSO À ESCOLA SE BASEIE NA PREMISSA QUE A ESCOLA É UM ESPAÇO SEGURO E PROTETOR, CUIDADOR E DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO, À SAÚDE (FÍSICA E PSICOLÓGICA) E AO BEM-ESTAR DAS CRIANÇAS, JOVENS E DEMAIS COMUNIDADE EDUCATIVA
UNICEF Portugal (2020). Medidas para a ação local - promoção de ambientes seguros e protetores para as crianças no pós-confinamento.
https://www.unicef. pt/atualidade/publicacoes/medidas-para-a-acao-local/
A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro, partilha aqui as palavras escritas pala Ordem dos Psicólogos em parceria com a UNICEF Portugal, para o regresso à Escola em tempo de pandemia.
No último ano letivo, a pandemia COVID-19 obrigou a alterações nos contextos educativos e nos processos de ensino-aprendizagem, gerando novas interações entre os alunos, os pais/cuidadores, os professores/outros profissionais e a escola. A incerteza e as mudanças nas dinâmicas relacionais e de aprendizagem mantêm-se neste novo ano letivo de 2020/2021, que agora se inicia. Toda a comunidade educativa enfrenta desafios excecionais.
No regresso à escola, acompanhando sentimentos de entusiasmo e algum alívio, é natural que predominem ainda sentimentos de incerteza e medo relativos à exposição ao vírus. Quer as crianças e jovens, quer os pais/cuidadores e educadores/professores, podem preocupar-se com o aumento da exposição ao risco que decorre da potencial necessidade de andar de transportes públicos, de estar em espaços fechados com proximidade a outras crianças e jovens, da dificuldade em controlar e garantir que todos adotam os comportamentos de proteção necessários para os manter em segurança. É natural que pais e cuidadores possam experienciar uma variedade de sentimentos (às vezes aparentemente opostos, tais como alívio e preocupação, culpa e confiança) face ao regresso à escola. É natural que se sintam ansiosos com planos de regresso que possam parecer vagos, ou céticos relativamente ao cumprimento de algumas medidas.
É natural que se sintam preocupados, também, com novas possibilidades de encerramento das escolas, modelos de ensino mistos ou à distância, ou com a implementação de outras medidas. No caso das crianças e jovens, o período de encerramento das escolas significou novas barreiras ao seu desenvolvimento social, psicológico e educativo, agravando situações de desigualdade já existentes e colocando em causa dimensões fundamentais da sua vida (como a quebra de rotinas, brincadeiras e contactos sociais).
A UNICEF Portugal tem estado a acompanhar a situação das crianças, desde a declaração do Estado de Emergência, e realizou um diagnóstico sobre os efeitos da pandemia no Bem-estar e Direitos da Criança. Neste inquérito (UNICEF Portugal, 2020), as crianças e jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 17 anos manifestam as suas preocupações, reconhecendo que a situação atual obrigou a muitas mudanças na sua vida.
No topo destas estão uma nova rotina associada a sentimentos de insegurança, alterações a nível escolar, o menor contacto com os seus pares e uma diferente utilização dos espaços público e privado. Deste modo, o regresso à escola poderá ser particularmente desafiante este ano letivo, exigindo medidas específicas de suporte, que promovam uma reintegração escolar que, por sua vez, assegure a Saúde Física, mas também Psicológica e garanta o Bem-estar da criança.
A reabertura das escolas implica mudanças nos procedimentos anteriores, alterações nos hábitos sociais e nas emoções de todos os envolvidos. O impacto do vírus e da pandemia continua a depender também do comportamento de cada um de nós. Por isso, continuaremos a precisar de ser pacientes e resilientes, capazes de nos adaptarmos constantemente, nomeadamente à possibilidade de existirem alterações nas medidas e no que respeita aos comportamentos recomendados em contexto escolar.
Teremos que repensar a escola e a Biblioteca Escolar Ferreira de Castro acompanhará todo este novo processo.