Blogue da Biblioteca Escolar da Escola Básica Ferreira de Castro - Sintra

Aqui partilhamos tudo o que acontece na nossa Biblioteca.

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02 maio, 2022

O Museu Aqui e Agora e o Futuro que lá Mora (Museu Anjos Teixeira)


    Hoje foi dia de visita de professores ao Museu Anjos Teixeira, integrados no projeto O Museu Aqui e Agora e o Futuro que lá Mora, desenvolvido pela Rede de Bibliotecas Escolares, pela Câmara Municipal de Sintra, Museus do Concelho e NOVAFOCO. Mais um dia de preparação para a exploração pedagógica dos museus de Sintra.

O Museu encontra-se instalado num imóvel construído nos inícios do século XX, para azenha, que, na Azinhaga da Sardinha, aproveitava outrora as águas do Rio do Porto. Mais tarde, esta foi transformada em serração de pedra, tendo sido, por fim, adquirida pela Câmara Municipal de Sintra, no intuito de lá instalar um depósito de viaturas municipais.

A 24 de Setembro de 1974, Mestre Pedro Augusto dos Anjos Teixeira (1908-1997) legou oficialmente à Edilidade Sintrense todo o seu espólio e, ainda, boa parte do de seu pai, Artur Gaspar dos Anjos Teixeira (1880-1935), ficando, deste modo, as obras de dois grandes Mestres Escultores contemporâneos, reunidas no mesmo espaço, o qual abre ao público apenas em 1976.

Desde esta data e até 1982, esteve em exibição a quase totalidade dos trabalhos escultóricos destes dois artistas cujas temáticas vão desde a anatomia humana e animal, até à fixação de costumes e de figuras populares, passando pelas esculturas religiosas, pelos retratos de personalidades e pelas conceções que exploram a vivência dos trabalhadores e as diversas profissões, altura em que a velha serração é fechada para obras de restauro, remodelação e ampliação integrais, de acordo com a escritura de doação de 1974, em que a Câmara de Sintra ficou obrigada à construção de dependências para uso privado do doador.

Neste contexto, passou o Mestre a residir no edifício, transformando-o numa Casa-Museu pública e num Atelier vivo, onde deu aulas de Escultura a jovens, entre 1977 e 1992.

Mais recentemente, o Museu sofreu obras de beneficiação no seu interior, tendo-se optado pela pintura de paredes e peanhas em tons mais claros, por forma a destrinçar o que é infraestrutural daquilo que está exposto, tendo-se, igualmente, procedido ao tabelamento de todas as peças expostas.

O visitante, ao percorrer as Salas deste espaço museológico, facilmente descobrirá os modelos e as maquetas de muitas das obras que engalanam e ornamentam as praças, as ruas, os edifícios, as instituições e as avenidas de Portugal, resultando isso numa mais-valia e numa maior proximidade entre o utente e as Coleções expostas (escultura, desenho, medalhística, pintura, correspondência e fotografia).

https://cm-sintra.pt/atualidade/cultura/museus-municipais-de-sintra/museu-anjos-teixeira













28 abril, 2022

Jogo biográfico de Ferreira de Castro II: O Museu Aqui e Agora e o Futuro que Lá Mora


    Após a ordenação das cartas por cada equipa do 5ºC1, no jogo biográfico de Ferreira de Castro, cada aluno lê, de forma alternada, para a turma, uma carta da sequência das informações ordenadas. À medida que se vai lendo, vai -se comparando a informação com a do livro lido Não há borracha que apague o sonho. No decorrer da leitura das cartas vão-se debatendo as realidades descritas e integrando as informações nos contextos históricos. São abordados temas como: Estado Novo; Censura; PIDE; Emigração; revolução portuguesa de 25 de abril de 1974.
    Muito se aprendeu com este baralho de cartas criado pela Biblioteca Escolar Ferreira de Castro para o projeto O Museu Aqui e Agora e o Futuro que Lá Mora.






















Jogar com Ferreira de Castro I: O Museu Aqui e Agora e o Futuro que Lá Mora


    Como forma diferente de dar a conhecer a biografia de Ferreira de Castro, a Biblioteca Escolar Ferreira de Castro criou, para o projeto O Museu Aqui e Agora e o Futuro que Lá Mora, um jogo de cartas biográfico. Cada dois alunos, recebe um baralho de cartas com factos da vida de Ferreira de Castro. Os alunos terão que construir um friso com o baralho de cartas, colocando-as de forma cronológica em função das informações registadas em cada carta.
    Após o visionamento do programa sobre Ferreira de Castro Escritores a Norte - Vidas com obras em casas D’ Escritas ,os alunos do 5ºC1 puderam testar a sua atenção e memória com este jogo de cartas. Foi uma atividade muito animada!

















Ciência e preocupações ambientais na Biblioteca Escolar


    Desta vez com o 8º A1, a Biblioteca Escolar Ferreira de Castro estabeleceu com o Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA), integrada no Programa Cientificamente Provável da Rede de Bibliotecas Escolares, mais uma parceria cientifica.






    Mais uma vez a questão fundamental foi o da sustentabilidade dos recursos minerais que são finitos, e as grandes inovações tecnológicas foram e continuam a ser baseadas na utilização destes recursos. Um desses exemplos é o telemóvel que absorve em grande quantidade recursos limitados.
    Agradecemos mais uma vez à Professora Doutora Amélia Dionísio do Instituto Superior Técnico e do Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA). que mais uma vez trouxe ciência e preocupações ambientais aos nossos alunos do Ensino Básico.



    A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro coloca o saber no centro do processo educativo. É responsabilidade da escola desenvolver nos alunos a cultura científica que permite compreender, tomar decisões e intervir sobre as realidades naturais e sociais no mundo. Toda a ação deve ser sustentada por um conhecimento sólido e robusto, como defendem os princípios do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.





27 abril, 2022

CONTOS TRADICIONAIS ILUSTRADOS (O REI DE NÁPOLES)


    A Biblioteca Escolar Ferreira de Castro continua a divulgar a interpretação visual de contos e lendas tradicionais, em trabalhos realizados em parceria entre a biblioteca escolar e a disciplina de Educação Visual. Hoje é o desenho de Lua Brennan, do 8ºA1,  que nos mostra a ilustração de um conto tradicional da Ilha de S. Miguel — Açores.

O REI DE NÁPOLES

Um rei tinha um filho, e como era o único, queria que ele se casasse; mas o
príncipe respondia-lhe sempre que não se casaria senão com uma filha do rei de
Nápoles se ele tivesse alguma.
O príncipe tratou logo de indagar bem se o rei de Nápoles tinha alguma filha;
mas não achava pessoa que lhe desse a certeza. Depois de muitas indagações
partiu para Nápoles, e armou-se a deitar um pregão, dizendo que dava esmolas
a todos os velhos que quisessem lá ir. Era para ver se algum lhe dava notícias se o
rei tinha alguma filha. Todos com quem ele falava lhe diziam que tinham sido
nados e criados e que tal coisa nunca tinham ouvido. Indo um dia à esmola a casa
do príncipe uma velha, perguntou-lhe se ela sabia de o rei ter alguma filha?
Respondeu a velha:
— Oh senhor, eu aqui nasci e daqui sou, mas nunca ouvi de ele ter nenhuma
filha. Agora, passando eu o outro dia por uma esquina do palácio, vi de dentro de
uma fresta uma cara tão linda, que me pareceu ser de princesa. Mas não posso
dar maior certeza.
O príncipe prometeu à velha de lhe pagar bem, se ela descobrisse que era a
princesa. Um dia indo a velha pela esquina, viu à fresta a tal cara linda e
chamou-a para lhe vir falar. Ela veio; perguntou-lhe a velha se queria comprar
joias, que sabia quem as tinha bem boas.
A princesa disse que sim, e combinou a hora em que iriam ter à fresta. A velha
foi muito contente dizer tudo ao príncipe. Como tinha visto a princesa, que
tinha falado com ela, e combinado a hora de ele ir com as joias. O príncipe
vestiu-se em trajo de adelo, e chegou à esquina a apregoar joias.
Neste tempo ouve uma voz, que vinha da fresta, chamar:
— Ó homem das joias!
O príncipe voltou para trás muito contente, e a princesa disse-lhe que entrasse
por aquela escadinha. Assim fez; mostrou-lhe as joias, ela estava satisfeita, e
disse depois de escolher:
— Vamos agora ao preço.
— Se a senhora está contente com essas, em casa tenho outras ainda melhores, e
trago-as cá amanhã.
Quando chegou a casa a velha aconselhou-o a que vestisse por baixo os seus
fatos de príncipe, e por cima com o trajo de vendilhão das joias, para quando
chegasse às escadinhas despir-se e falar à princesa como quem era. Assim fez; a
princesa quando o viu feito príncipe assustou-se; mas ele expôs-lhe a sua prática
e a diligência que tinha feito para chegar àquele lugar, e que o seu sentido era
casar com ela.
A princesa aceitou o pedido, e assentou a hora da noite muito em segredo em
que ele a iria buscar, porque o rei seu pai não queria que ela se casasse. O
príncipe, pelo muito desejo que tinha de a ir buscar, foi logo de serão para o
lugar da escadinha; mas cansado de esperar, encostou o cotovelo sobre a sela do
cavalo e pegou a dormir.
Neste tempo passou um homem de meia-tigela pelo pé do príncipe, e quis ver se
o conhecia; nisto ouviu uma voz que dizia:
— Vamos, vamos! que já está o escaler na água à nossa espera.
O tal homem viu descer uma donzela muito linda, e pegou nela com toda a
riqueza que trazia; meteram-se no escaler e partiram.
O pobre do príncipe ficou ali até amanhecer. Quando acordou julgou que a
princesa o tinha enganado, e foi para outra terra, e quando lá chegou começou
outra vez a dar esmolas aos pobres para descobrir por algum se o rei de Nápoles
tinha alguma filha.
A princesa, quando amanheceu, que se viu com aquele homem, disse consigo:
— A primeira vista não é vista; mas isto não é o príncipe meu senhor.
O ladrão do homem, como a via desgostosa, perguntou-lhe:
— Sabe a menina com quem vai?
— Com o príncipe meu senhor.
— Pois saiba que vai com um ladrão.
A princesa começou a chorar, e foram andando, andando e chegaram lá a uma
terra chamada das Junqueiras.
Ele varou a lancha, deixou ficar ali a princesa e foi-se embora; havia ali só uma
mulher viúva com a sua filha.
A princesa ficou a chorar muito naquele escampado, por se ver sozinha, e tudo
isto era de noite. Disse a filha à mãe:
— Estou ouvindo chorar; e parece-me ser mulher.
— Não, filha; isso podem ser os ladrões, para nos enganarem e virem roubarnos.
Tornou a dizer a filha:
Será tudo o que Deus quiser;
Mas aquele chorar é de mulher.
Foram ambas, e deram com a princesa, que elas não conheciam, e tomaram-na
para a sua companhia.
O príncipe continuava a dar esmolas aos pobres, e perguntava a todos se o rei de
Nápoles tinha alguma filha. Todos diziam que não, que nunca tal tinham
ouvido.
Afinal foi lá um velho e fez-lhe esmola, e repetiu a pergunta do costume; o velho
respondeu:
— Se o senhor soubesse o que eu passei com ela! sempre se havia de rir um
bocado.
O príncipe puxa uma cadeira e senta o velho ao pé de si. O velho contou:
— Eu vinha um dia do jogo das távolas; e passei pelo palácio do rei; estava lá
numa esquina um cavaleiro dormindo, por sinal com o cotovelo na sela do
cavalo; fui ao pé dele para ver se o conhecia, e a este tempo ouvi dizer: «Vamos!
que já está o escaler na água à nossa espera.»
E foi contando tintim por tintim o caso do roubo da princesa até a ir deitar na
terra das Junqueiras.
Assim que chegou a este ponto, o príncipe não se teve em si, puxa de um punhal
e crava-o na cabeça do velho e matou-o. Os outros velhos que estavam ali,
gritaram logo:
— Aqui d'el-rei, que mataram o nosso irmão.
Acudiu logo a Justiça para levarem o príncipe para o Limoeiro; chegou o dia em
que ia a enforcar, e ele pediu mais uma hora de vida. Chamou um dos homens
que ali estava, que fosse ao palácio pedir ao rei um livro de pastas vermelhas, que
estava à cabeceira do príncipe. O rei assim que ouviu isto deu-lhe um baque o
coração, e conheceu que só o príncipe é que podia fazer aquele pedido. E como
já havia muitos anos andava ausente do reino, foi ver se seria ele; meteu-se na
carruagem e foi ter com ele, trouxe logo para o palácio o filho, que lhe contou
todos os seus trabalhos:
— Agora, meu pai, dê-me licença para ir à terra das Junqueiras buscar a princesa.
O pai mandou aprontar uma das melhores naus, e o príncipe assim que chegou à
terra das Junqueiras e viu uma casinha, bateu e quem lhe veio falar foi a dona. Às
perguntas do príncipe, disse que morava com duas filhas. O príncipe disse se ela
dava licença, que as queria ver. E ela disse, que não tinham roupinha capaz de
aparecerem a Sua Alteza. Tanto teimou que elas apareceram, e o príncipe logo a
reconheceu, e disse que ia por causa dela, para a levar para o palácio. A princesa
disse que estava bem, e que para enganos só bastava uma vez. Ele disse que
levaria também para o palácio as suas companheiras, que seriam tratadas como
pessoas reais. Foram-se embora e casaram, e ficaram vivendo todos como Deus
com os anjos.

(Ilha de S. Miguel — Açores)

Título: Contos Tradicionais do Povo Português – volume 1
Autor: Teófilo Braga
Edição: Agrupamento de Escolas de Rio de Mouro
Coleção: Clássicos da literatura portuguesa
Adaptação, paginação e projeto gráfico: Carlos Pinheiro
1.ª edição: outubro de 2013
ISBN: 978-989-8671-16-5
Edição segundo as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de
1990.